Cultura Popular Software Livre e Intercambio de Informacao

Nos dias 14 a 17 de setembro, participei em Brasília do I Encontro Sul Americano das Culturas Populares e II Seminário Nacional de Políticas Públicas para as Culturas Populares. O primeiro evento foi uma promoção do Ministério da Cultura e contou com a participação de representantes da América do Sul. Apresentou as tradições populares de toda América, possibilitando à troca de experiências culturais de tradição popular, seus saberes e fazeres.

O II Seminário, sobre Políticas Públicas, contou com a presença de representantes dos 27 estados da federação representados por seus segmentos culturais tanto do ponto de vista regional como também inter-regional.

A União Federal, por intermédio da Secretaria de Programas e Projetos Culturais do Ministério da Cultura - SPPC/MinC, tornou a público o convite aos Pontos de Cultura que atuam com propostas educacionais relativas à preservação e valorização da tradição oral do Brasil.

Foi lançado oficialmente no Encontro o edital da Ação Griô, cujo objetivo é preservar e valorizar a tradição oral do Brasil para o fortalecimento da identidade das crianças, adolescentes e jovens vinculados à sua ancestralidade. A Ação atende às instituições que atuam com propostas educacionais relativas à esta preservação e valorização, com a concessão de bolsas de trabalho para Griôs e/ou Mestres de Tradição Oral que estejam envolvidos em Projetos Pedagógicos dos Pontos de Cultura e da Ação Griô – Cultura Viva, em parceria com escolas e/ou universidades públicas.

O projeto tem como base a transmissão da Tradição Oral, trabalhar com uma linguagem oral e encantada. Este é um projeto inovador, no sentido de articular uma rede horizontal entre diversas iniciativas culturais de todo o país, como um mediador na relação entre Estado e sociedade, e dentro da rede. Os Pontos de Cultura agregam agentes culturais que articulam e impulsionam um conjunto de ações em suas comunidades, e destas entre si.

Produção cultural, em se tratando de mídias digitais, é informação. Hoje, informação pode ser compartilhada e copiada a um custo quase irrisório. Filmes completos podem ser baixados, contornando assim toda a infra-estrutura de distribuição da indústria de entretenimento. Uma vez que se está lidando com licenças copyleft GPL e Creative Commons, os direitos de propriedade intelectual sobre toda essa produção cultural não são um problema, e os direitos autorais são preservados. Trocando em miúdos: neste Seminário, em Brasília, havia uma ilha de edição comunitária, onde se baixava os vídeos e fotos. Assinava-se um termo de compartilhamento e assim todos os arquivos ficavam à disposição do grupo, que fazia o mesmo. Assim surgiram vários vídeos com imagens e participação de diferentes pontos de cultura do país, ou seja, nossas imagens foram usadas para vídeos de outros grupos e vice-versa.

Um Ponto de Cultura, segundo Dalberto Adulis (blog a rede), ao mesmo tempo em que é produtor e consumidor cultural, é casa, sala e depósito, é uma estrutura física localizada estrategicamente em qualquer lugar onde haja uma produção cultural local. Sua proposta é captar essa produção e irradiar seu conteúdo a todos os demais Pontos ao redor do país (já existem 262 pontos selecionados, devendo-se atingir a marca de 400 até o final de 2006) e também, possibilitar uma infra-estrutura básica, permitindo que se produza bens culturais utilizando-se de programas de Software Livre e de Código Aberto, distribuindo essa produção em uma rede de Pontos por meio de licenças (Creative Commons e CopyLeft), de forma a permitir a remixagem e a colaboração com outros Pontos.

A Produção coletiva, só é possível se todos os membros que estiverem comprometidos com o trabalho, saibam como colaborar de forma produtiva. Para construir essa realidade, uma metodologia (que deve ser adaptativa e flexível para se adequar a diferentes realidades locais) precisa ser estabelecida entre os membros da comunidade. Além de um protocolo, um comprometimento também é necessário. É fato conhecido que para se comprometer em uma ação coletiva, um indivíduo necessita, mais do que um simples interesse: acreditar nos resultados futuros da ação.

Este trabalho é CopyLeft.

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